Você já sentiu aquela sensação de que não está curtindo tudo que a vida oferece? Foi justamente isso que aconteceu com o casal Vagner Alcantelado e Bárbara Rocha.

Num misto de insatisfação com vontade de conhecer o mundo, eles se prepararam muito bem para uma viagem que agora parece não ter fim.

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Eles fizeram o que muitos sonham que é conciliar o trabalho digital com um estilo de vida nômade e agora enfrentam aventuras nos mais excitantes países do mundo.

Aproveitei a entrevista para fazer perguntas sobre mentalidade, planejamento, ferramentas, dinheiro e atitude. E eles não economizaram nas dicas, proporcionando inclusive uma fórmula pra quem procura alcançar clientes nos mais variados ramos de atividade, principalmente hospedagem e acomodação.

Entrevista com Vagner Alcantelado e Bárbara Rocha do Melhores Momentos da Vida

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Obs.: Tomei a liberdade de negritar alguns pontos que achei importante.

Vocês largaram empregos no Brasil, venderam muitas coisas e partiram pro mundo. Qual o motivo? Imagino que antes de iniciar a viagem, muita coisa é colocada na balança e muita pesquisa é realizada. Poderiam contar como foi todo o processo? O que mais influenciou a decisão?

Presos dentro de um escritório, das 9 às 19, tínhamos a sensação de que a “vida” estava realmente era acontecendo do lado fora, que não estávamos fazendo parte dela de forma plena. Tantos lugares e pessoas interessantes, e experiências para se viver! Não queríamos “perder” nossos melhores anos, e deixar para conhecermos estes lugares somente quando estivéssemos aposentados, ou nas férias anuais.

Estávamos cheio de ideias, mas canalizando toda a nossa energia para projetos de terceiros (no caso nossos empregadores), quando poderíamos estar investindo em projetos próprios. Foi então que tivemos a ideia do projeto “Melhores Momentos da Vida”, uma série independente para TV, que iria acompanhar nossas viagens pelo mundo, com especial foco para as atividades de aventura, cultura e belezas naturais dos países.

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Para suportar os custos da viagem e da produção da série, criamos paralelamente uma produtora de vídeos itinerante especializada na criação de vídeos para hotéis de luxo e restaurantes.

Foram 6 meses de pesquisa e contatos com empresas da Nova Zelândia, local da 1ª temporada da série. Deixamos o Brasil apenas com grana para ficarmos 3 meses e comprarmos um carro.

Não tínhamos nada a perder, se não desse certo sempre poderíamos voltar e recomeçar. (Embora a hipótese de voltar nunca tenha passado pela nossa cabeça, desde que deixamos o Brasil...).

Destino Nova Zelândia
Destino Nova Zelândia

Quanto tempo de estrada até agora e como se sentem?

Na estrada mesmo, sem voltarmos mais para o Brasil, estamos desde dezembro de 2012. Antes já havíamos passado um tempo em alguns países da Europa, mas sempre voltando para casa. Nós tínhamos uma casa nesta época! rsrs

Mas, desde 2012, o máximo que moramos em um mesmo lugar foram 2 meses, geralmente a média de permanência num lugar varia de 5 dias a 3 semanas. 

A sensação é de liberdade, no sentido de não termos que dar satisfação de nada pra ninguém, que se mistura com um pouco de ansiedade por nunca sabermos onde o próximo passo irá nos levar, mas NUNCA tédio! Isso não rola! rsrs

Viajar o mundo e trabalhar ao mesmo tempo requer muita disciplina. E geralmente, nós viajantes em tempo integral tendemos a mostrar muito mais o lado divertido do que os momentos de trabalho árduo.  Como é geralmente o dia de vocês? Quais os principais hábitos? E quais as principais dificuldades?

Sim, requer MUITA disciplina, vc falou tudo. O termo “nômade digital” está na moda e há uma “glamourização”, pelo fato de muitos blogs propagarem a ideia de que é fácil viver pelo mundo ganhando muito dinheiro e trabalhando pouco. Isso não é verdade!

Nós trabalhamos muuuuuito, muito mesmo, e mais do que trabalharíamos num escritório para um empregador, pois lá nós teríamos um horário pra cumprir e no final do dia iríamos nos desligar de tudo, enquanto aqui, o escritório está sempre com a gente, onde quer que a gente vá. É difícil encontrar este equilíbrio, especialmente no nosso caso, que depende de estarmos sempre captando novos clientes para manter a grana entrando. Então a gente tem que ter uma visão de longo prazo, sempre estar planejando os passos com 3, 4 meses de antecedência.

No dia-a-dia do trabalho, nós dividimos nossas tarefas. O Vagner é o artista, fica a cargo dele a parte de criação. Eu cuido de todas as questões práticas, administrativas/financeiras, além de fazer a captação dos trabalhos e o relacionamento com os clientes.

Até o momento dessa entrevista vocês têm 72 vídeos profissionais no Vimeo. Poderiam destacar os 3 preferidos, os 3 mais difíceis de produzir e os 3 com que ganharam mais dinheiro?

Difícil escolher os favoritos, mas gostamos muito dos videos que fizemos para o Punakaiki Beach Hostel: http://vimeo.com/87327039, Marndadee http://goo.gl/guRkDb, o Old Slaughterhouse http://goo.gl/T6KRLI. Não são os mais importantes e nem os que mais nos deram dinheiro, mas foram mais gostosos de fazer.

Os mais difíceis são os que oferecem mais desafios, geralmente são os dos lugares que não são tão bonitos. Neste caso, temos que fazer o lugar parecer bonito, requer bastante imaginação. rsrsrs

E por falar em dinheiro… Quando alguém assina minha lista aqui no blog eu pergunto o que mais impede a pessoa de viajar mais. A resposta proeminente é a falta de dinheiro. Gostaria de saber, como vocês ganham dinheiro? Como é o processo de aquisição de novos clientes?

Hoje toda a nossa receita vem dos videos promocionais que produzimos pelo caminho. Mas nem sempre foi assim. Quando chegamos na Nova Zelândia, trabalhamos com várias outras coisas (colheita de flores, vendendo frutas, como gerentes de albergue), e neste meio tempo fizemos alguns vídeos de graça, com o objetivo de montarmos um portfólio com nomes de peso.

A partir deste portfólio foram surgindo outras oportunidades, ganhamos visibilidade, e passamos a cobrar um preço justo pelo nosso trabalho. 

Eu faço a parte de captação, entro em contato (via email out tel) com centenas de empresas oferecendo nossos serviços, alguns meses antes de chegarmos a uma cidade. Hoje encontramos uma fórmula boa, mas foram muitos erros e acertos até chegarmos aqui.

Qual o equipamento profissional de vocês? O que pretendem adquirir ou se desfazer?

Temos duas câmeras DLSR (Canon 70D e uma TDI, nosso xodó), um DJ1 Phantom 2 (drone), uma GoPro, microfones, lentes, etc...

Um pouco mais pra frente, pretendemos comprar uma Sony A7.

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Se não se importar em abrir o jogo, como tem sido a progressão em relação aos valores cobrados no passado e agora? Em conversa prévia, Vagner me contou que no começo faziam mais trocas porém agora não tanto. Poderiam compartilhar mais sobre isso?

No início, cobrávamos menos, mas com a entrada de alguns hoteis de luxo, e alguns trabalhos mais complexos, que demandam mais dias de trabalho, começamos a cobrar mais caro. Mas isso sempre depende! Cada caso é um caso, não podemos cobrar o mesmo preço de um albergue pequeno que conseguimos filmar em um único dia e com orçamento restrito, e de um hotel enorme, com 5 restaurantes, que levamos pelo menos 4 dias para filmarmos, e que requer uma produção muito maior.

A fórmula que mais funciona é o pacote dinheiro + acomodação. Nós informamos o preço (de mercado) do vídeo, mas propomos que metade deste valor seja pago em acomodação, já que precisamos passar por essas cidades para filmarmos nossa série de TV. Geralmente ficamos de uma a três semanas num lugar e recebemos uma parte em grana. 

Desta forma, todos sentem que estão ganhando, o cliente adora saber que está pagando um valor mais em conta por um produto, mesmo que ele tenha dinheiro de sobra. Vendemos nosso produto como uma "oportunidade imperdível" para o cliente, e ao mesmo tempo de uma forma pessoal, eu pesquiso e procuro saber um pouco sobre as empresas,  antes de entrar em contato. Faço parecer que a empresa foi escolhida a dedo, que é especial, e não que estou atirando para todos os lados. Pequenos detalhes que fazem total diferença.

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Como geralmente funciona os diferentes tipos de parcerias que vocês já firmaram com empresas dos mais variados ramos de atividade (turismo, hospedagem, equipamento, etc.)?

Na Nova Zelândia as parcerias funcionaram muito bem. Os kiwis são super abertos, e ficamos surpesos com a facilidade que tivemos em fecharmos parcerias desde o Brasil.

Selecionamos as empresas que nos interessavam, e enviamos uma carta proposta apresentando o nosso projeto (Melhores Momentos da Vida), a nossa proposta de “investimento” por parte da empresa (no caso, o que estamos pedindo, geralmente alguns passeios ou uns dias de acomodação num hotel) e as contrapartidas que oferecemos, ou seja, a visibilidade que o parceiro em questão terá no nosso projeto.

Com a nossa experiência aprendemos que as vezes basta pedir para se conseguir muita coisa, e que também é importante saber exatamente o que você quer (e não deixar em aberto, a cargo do cliente), facilita para todos os lados.

O fato de nós dois juntos sermos uma agência de comunicação quase completa (eu jornalista e produtora, e o Vagner designer gráfico, webdesigner, videomaker) nos permitiu criar um material profissional, o que faz total diferença, pois passa credibilidade, e abre portas.

Agradeço muito a participação e desejo de coração uma jornada fantástica e inesquecível por esse planeta sensacional. Uma mensagem final para os leitores desta entrevista? Desce a letra…

Se você quer de verdade, planeje-se, invista nas habilidades necessárias para que as coisas aconteçam, e faça! Se você colocar sua energia e intenção de forma produtiva, as coisas irão acontecer. FOCO, FORÇA E FÉ!

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Série Melhores Momentos da Vida: Tailândia

Da abertura até o terceiro episódio:

https://www.youtube.com/watch?v=cuW_hzkGtcw

https://www.youtube.com/watch?v=cur6jxgCOIc

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“Cada sonho que você deixa pra trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir.” ― Steve Jobs

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